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sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Lugar


Todos nós temos o nosso lugar e sabemos aonde ele fica.

Sempre, desde que nascemos. Quantas vezes já não te perguntaram: de onde você é? Você já sabe, é o lugar onde você nasceu. Foi (e sempre será) o seu primeiro lugar. Você pode hoje estar morando a centenas de quilômetros daquele lugar. Mas ele está lá, o seu lugar.

-Mario Prata, Cem Melhores Crônicas (que, na verdade, são 129)

Mario Prata me entende.

Ps: na imagem, Recife.

Aos Amigos



Fiz ontem minha matrícula do semestre, o que eu considero quase um ultraje já que na última sexta eu completei uma semana de férias. Depois de encontrar minhas amigas e dar muitas gargalhadas, inventar novas brincadeiras e fazer os habituais planos: “vamo se ver na Sexta?”, fui à farmácia, já que meu irmão estava doente e eu precisava estocar remédios. No trajeto, pensei no quanto aquele tempinho com elas me fez bem. Nas risadas que elas me proporcionaram durante aquelas duas horas e em como rir é sempre meu remédio. Acho que por isso que adoeço pouco: sorrio muito. E se isso acontece com frequência, só posso agradecer aos meus amigos. A todos eles. Se eu for escrever nome por nome, posso acabar sendo injusta. Se tiver amigos é sinal de riqueza, eu sou muito afortunada. Tenho de todos os tipos e jeitos. Amizades longas, de muitos anos, ou de poucos dias. Amigos irmãos e irmãos amigos. Amizades que algumas vezes foi conquistada aos poucos, conversa por conversa, até se adquirir confiança ou que muitas vezes surgiu do nada, da vida, que na mesma hora bateu aquilo: “eu pareço contigo, senta aqui e vem bater um papo”. Essas pessoas que me proporcionam horas de descontração, da fuga dos pesares e problemas do dia-a-dia. Com elas, sempre surge às piadinhas internas que não são tão internas assim. Surgem as ideias mirabolantes, os planos pro futuro. Depois de 20 anos, eu sei que não vou poder ter todos vocês, meus amigos, comigo daqui a algum tempo. A gente nunca sabe as surpresas que a vida proporciona. Mas desejo muito ter vocês por perto enquanto for possível. Eu só espero que com a ajuda de vocês, nós possamos aproveitar cada segundo da vida, do dia. Cada ida à pizzaria, pastelaria, cinema. Toda conversa boba nos bate-papos da vida, nos chats, nos emails compartilhados. Toda a Sprite que bebemos juntos. Toda vez que cantei desafinadamente bem alto e que vocês deixaram ou repreenderam. Obrigado por tentarem me ensinar a levar a vida menos a sério, com menos drama, pra ser capaz de ver de forma mais clara as coisas boas. Às vezes, é disso que se precisa: menos seriedade, menos stress, menos. A maior beleza está na simplicidade e daí à importância da amizade: elas são simples. Obrigada meus amigos. Que é a família que eu escolhi. E obrigada aos meus familiares, que conseguiram juntar a beleza da amizade nos laços sanguíneos. Vocês todos são fundamentais pra mim. E minha saúde precisa de vocês.

Andy: “Woody tem sido meu amigo desde sempre. É corajoso como um cowboy deve ser! Gentil, inteligente.. Mas, o que faz do Woody especial é que ele nunca desiste de você, nunca. Ele vai estar contigo pro que der e vier.”

domingo, 5 de junho de 2011

Justificativas

Mas, vou à algumas justificas. Eu sou sim, um pouco grosseira. Às vezes, não tão pouco. Eu sou pernambucana. Tudo bem que vivo aqui em Teresina metade da minha vida já, mas, eu cresci lá e vim pra cá com muitas manias e muitos jeitos. Lembro muito bem que quando vim pra cá, achava muito estranho ver as meninas andando com braços “juntos” pelos corredores do colégio. Lá, isso não era muito comum. Só o que o fato de ser pernambucana não é uma grande justifica. Eu conheço muitos pernambucanos -claro- e a maioria que EU CONHEÇO tem essa característica de ser um pouco arredio. Mas, só pra contrariar essa teoria, tenho uma irmã, pernambucana, mais velha, logo viveu mais tempo lá, e que é um doce de pessoa, às vezes é doce demais. Segunda tentativa de justificativa: Eu tenho muitos amigos homens. Estudei seis anos em um mesmo colégio e andava com três meninas e sete meninos. Logo, me acostumei com o jeito grosseiro deles de dizer que não vai sentir saudade da gente durante as férias e coisas assim e ainda, uma grande amiga, a que eu andava sempre junto e conversava todo dia, era um poço de BRUTALIDADE. A terceira tentativa de justificar, e talvez a mais correta seja a tentativa de se proteger. Quanto mais distante, menos envolvida, menos mágoa se tem. Eu acreditava piamente que “people always leave”, e manter a distância, diminui o convívio e se torna mais fácil de dizer adeus. E no fim, muitas pessoas foram pra longe. Muitas eu sinto falta, queria perto de mim todos os dias, outras, eu devo dizer que é melhor estar como está. Mas, é só uma forma de autoproteção. Uma forma de não permitir que ninguém tire esse aparente equilíbrio que eu demorei tanto tempo para encontrar. Mas, se a pessoa realmente valer a pena, eu sei que sou capaz de baixar a guarda. Espero que eu seja.

Desenvolvimento

Sempre me julguei uma sentimental. Um poço de sensibilidade, como no título da música do IRA!. Achava-me cheia de melosidade e os mimi’s existentes. Ainda tentei me definir com a música “Sentimental Heart”, de She & Him, que diz claramente: “velhos hábitos são difíceis quando você tem um coração sentimental.” Logo eu, que costumava tirar no mínimo duas noites por mês para repensar como as coisas seriam se eu vivesse com meus hábitos antigos. E como diz na música: “chorei a noite inteira até que não houvesse mais nada.” É assim que acabam essas noites.

Mas, na maioria das vezes eu tento esconder essa grande parte de mim deixando claro que sou “à prova de balas”, como diz La Roux em Bulletproof ou em um texto de Clarice Lispector, onde ela exprime tanta felicidade que só eu sou capaz de sentir. Sim, muitas vezes me sinto como uma transmissora da felicidade, como diz Herbert Viana: “o que é que o mundo fez pra você rir assim?”. Sim, me imagino como alguém que vive sorrindo, daquele tipo que tem um sorriso pra cada ocasião e só o fato de aparecer séria já significa algo errado. Nem com raiva eu consigo ficar totalmente séria.

Mas, recentemente, descobri que me enxergam de uma maneira diferente. Como uma heartless, “que em algum lugar dessa estrada, perdeu sua alma.” Tudo bem, essa é uma visão BEM exagerada, rs. Mas, eu soube que me vêem como alguém verdadeiramente bem grosseira. Já comentaram que eu era do tipo durona, que eu nunca tinha me apaixonado ou gostado de alguém, pelo simples fato de que não saio distribuindo beijos e abraços.

Hoje, acho uma quarta definição: Como um ser peculiar, estranha de diferentes maneiras. Capaz de me encaixar em várias tribos, várias situações, capaz de me camuflar e ser muito sociável. Capaz de não ser só uma, de ser a Natali que você merece, que você escolheu. Capaz de no fim das contas, não ser definível.

Introdução

Costumava usar frases/trechos de músicas para definir o “quem sou eu” das redes sociais. Por vezes usei também frases de escritores conhecidos. Mas, independente do poeta ou músico, o foco era o conteúdo, que mudava com certa prioridade, de acordo com o humor, boa vontade e os fatos que aconteciam à minha volta. Mas, com já disse, o importante era o conteúdo.

-esse texto tenta dar uma introdução ou quem sabe uma explicação para o próximo.

Mudaram as estações.

Longe de todas as frases clichês, eu acho saudade uma droga. E nem adianta dizer que ela serve pra nos mostrar o quanto gostamos de alguém ou de algo, ou até nos ensina a valorizar o que está longe. Não, essas frases de consolo não servem pra mim. Eu prefiria mesmo era não ter que sentir o sabor dela, da saudade. Preferiria que muitas coisas tivessem permanecido como eram, mesmo sabendo que nada é imutável e que eu me privaria de grandes experiências..

Mas, as estações mudam, tudo muda.. Mesmo que não saibamos exatamente o quê. Talvez eu tenha mudado e não tenha percebido. Aliás, eu mudei e muito. São 20 anos de constantes mudanças, transformações. São 10 anos em Teresina, em contante readaptação. Em tão pouco tempo, muita saudade. O consolo que eu tenho é que nada vai mudar o que ficou de bom nesse tempo. É que mesmo que eu sinta uma falta incrível de Recife, das pessoas de lá, da praia de boa viagem à noite com uma água de coco na mão ou das minhas tardes de domingo com a casa cheia de gente, eu sei que também tenho coisas boa pra lembrar daqui, de Teresina. Então, repenso o que falei anteriormente: algumas saudades valem a pena sentir. Só o que eu sei é que as vezes “eu fecho os olhos e vejo o lugar onde morava, quando era jovem” e que de repente 10 anos passam muito rápido e eu esqueço as coisas mais rápido ainda. Acho que meu grande medo é esquecer o quanto eu fui feliz ou pelo menos esquecer essa minha ilusão: que fui feliz lá. Eu só sei que eu me sentia livre, que eu podia ser tudo o que eu queria. E quando eu paro pra pensar, eu nunca imaginei vir morar aqui, fazer o curso que eu faço ou outra séries de coisas em minha vida. Isso também me dá medo: não importa quantos planos eu fiz antes, a maioria deles caiu por terra. O que me resta é deixar os planos de lado, pensar nas metas e esperar mais 20 anos com saúde, paz e quem sabe, com alguma sabedoria. É esperar que “os dias de cão acabem e que a felicidade me acerte como um trem nos trilhos”, que eu “deixe toda a minha angústia de lado e pare de brincar com o perdão ou de esperar que algo me salve do meu jeito antigo”.

Uma vez eu li que, quando você sai de sua terra natal, vira um cidadão sem terra ou um de todo lugar. Sendo assim, “mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está, nem desistir, nem tentar agora tanto faz, acho que estou em casa.”

E eu já amo muita coisa aqui, já amo muita saudade que tenho, muitas pessoas que conheci e conheço e que me proporcionaram e proporcionam momentos incríveis. Mesmo eu vivendo uma vida que se quer pensei um dia, eu sou ainda incrívelmente feliz. Tenho uma família maravilhosa, grandes amigos e saúde. E é isso que importa, certo?

E é essa a hora que eu paro de chorar ou escrever as minhas besteiras habituais e penso na vantagem dos 20 (?).

♪ Moça, olha só o que eu te escrevi: É preciso força pra sonhar e ver que a estrada vai além do que se vê.”

Enquanto escrevia, escutei repetidamente as músicas: Por Enquanto, When You Were Young e Dog Days Are Over, daí as referências.

eu vou morrer de saudades.


Relacionamentos são superestimados. Esperamos muitas coisas, colocamos muitas esperanças em grandes sonhos, quando na verdade, o amor é algo simples. O amor é inocente, é puro e doce. Por um ano e meio tive a experiência de conviver com um amor assim. Um simples sorriso, um abraço, um beijinho. Assim é contruída a forma mais pura desse sentimento. Chegar em casa e ver um ser tão pequenininho ao pulos e falando: Tata(!) não tem preço. É literalmente um amor de criança. E agora que a “minha” pequena vai me deixar, não consigo pensar qual será minha maior saudade. Se vai ser de vê-la me chamando, ou me olhando de dizendo: “bo(r)a?” , se vai ser olhá-la abaixar a cabecinha na hora da oração ou vê-la reger algum hino ou cantar “o sábio e o tolo”. Só de pensar que não vou poder estar com ela nesses momentos, em toda semana, doi. E muito. Ela é minha boneca em tamanho ilimitado, que eu vi aos pouquinhos crescer e aumentar seu vocabulário. Biscoito vai ser pra sempre a “cocoita” e a água só tem graça de ser pedida se for repetidamente: água , água, água, água, água. Se eu pudesse, dava um hipópotamo pra ela, aliás, um hipópotmo e um cachorro e mais todos animais que ela pedisse, só pra vê-la falando repetidas vezes: popota, popota, popota, au-au, au-au, au-au. Ainda quero descobrir onde a gente para o disco furado chamado Luíza. A pequena imitadora, que com um ano e meio aprendeu a agradar. Ela sabe quando lhe faz feliz e ela gosta disso. Ela sabe que você a ama e ela ama gratuitamente. Então, eu me pergunto : “como eu posso simplesmente ver essa coisa tão pequena ir embora?” Acho que eu descobri qual vai ser a minha maior saudade: Ela me reconhecer. Ela saber que eu sou a tia Tata, que finge dormir só pra ela ir me acordar. Que fica correndo de salto alto pelos corredores da capela dizendo: “vou te pegar”! Que fica conversando com ela por horas, mesmo que talvez ela só entenda 10 por cento ou só se interesse por esses 10. Que a acha a coisa mais gostooooosa desse mundo. É, essa vai ser a minha saudade, ela me vê e na mesma hora ir ao meu encontro sabendo que eu sou eu. Eu sei que vou vê-la outras vezes, vou ver muitas fotos e saber das novas manias dela. As novas palavras. Mas, aos poucos eu serei uma estranha pra ela e é isso que dói. Lulu, eu te amo e vou sentir muita a tua falta.

♪ I need you so much closer, I need you so much closer. So come on.
Depois de 19 anos, você não o reconhece. E não é por que ele -talvez- tenha alguns fios brancos, tenha engordado ou sua pele -talvez de novo- esteja um pouco flácida. É por que ele já nao é o mesmo. Aquela afeição simples não existe mais e você se quer não consegue abraçá-lo, quanto mais tocar a sua mão. Parece mais simples e mais correto chamá-lo pelo nome ao invés da forma doce que você o chamava. Aliás, faz quanto tempo que vocês não se falam de uma forma doce? E ao passar das semanas isso parece mais difícil. É como se existisse um muro de Berlim entre vocês. Não, o muro de Berlim um dia caiu, mas, essa barreira invisível é sólida demais para ao menos parecer transponível ou quebradiça. É uma barreira alta e expessa. E só de cogitar em quebrá-la, doi. Cansa. Ainda existe a indiferença. Há 10 anos atrás, quem imaginaria que esse seria o futuro? Não saber se ele está bem, saudável ou feliz, até por que, de duas, uma: Ou você quer ferí-lo de alguma forma, nem que seja fisicamente só pra atingí-lo, ou você simplesmente não se interessa. Já não parece importante saber sobre a vida dele. E não deve ser. Até por que, ele não se importa com você, não é mesmo? E mesmo que você não queria fazer algo esperando uma troca, dessa vez, você não consegue. Isso se tornou algo tão grande e contradiotariamente tão insignificante que é difícil explicar. E estranho falar. Falar em como, depois de 19 anos você não entende o gosto musical dele, o seu modo de se vestir ou suas prioridades. Não entende em como tudo que -parecia- “sólido, se desmanchou no ar”. Não entende em como isso começou e já não faz idéia em como vai terminar. Não entende no que ele se transformou. E mesmo que ele diga: “eu sou seu pai”, você é capaz de olhar e dizer: mas, eu nao lhe reconheço. Simplesmente, não sei quem você é.